Do jornal Bom Dia Bauru de 21/4/1007
Vamos escrever para o jornal expondo nossas opiniões sobre a
exploração de animais de tração. Preencham um formulário do jornal
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Sem a presença de carroceiros, a audiência pública realizada na
Câmara ontem para debater projeto de lei sobre a circulação de
veículos de tração animal sinalizou que o texto deve ser
"enxugado".
Pontos como o cadastramento de carroceiros e cavalos, emplacamento
das
carroças e licenciamento dos condutores serão priorizados.
Já questões relativas a maus tratos com os animais devem ficar
para um passo posterior. No meio disso, os vereadores terão que
encontrar uma definição sobre as propostas de restringir a
circulação das carroças.
"O projeto abrange aplicações que tornam ele inviável. Ele tem
questões corretas, mas que não podem ser cumpridas em um primeiro
momento", opina a vereadora Majô Jandreice (PC do B).
Para o secretário de Meio Ambiente, Rodrigo Agostinho, a aprovação
da parte relativa a identificação dos trabalhadores e de suas
carroças não pode mais ser adiada. Segundo ele, o Ministério
Público já oficiou a prefeitura 14 vezes devido a falta de uma
regulamentação para o setor. "Eu defendo o projeto, mas tem pontos
como a jornada de trabalho dos animais que acho dificílimo de
fiscalizar", diz.
Outro ponto de embate é relativo a quem pagaria o cadastramento e
emplacamento das carroças. Parte dos vereadores defende que a
administração municipal deva arcar com o custo.
Já o presidente da Emdurb, Carlos Alexandre Barbieri, acredita que
o projeto deva isentar o governo de mais uma conta. "Poderíamos
trabalhar com uma planilha de custo bem baixa. Caso contrário a
operacionalizaçã o disso ficaria inviável", diz.
Para entidades, falta sintonia
Representantes de entidades de defesa
dos direitos animais e dos Consegs também estiveram presentes à
audiência pública.
"Vejo uma falta de sintonia entre prefeitura e Câmara. A Sear
(Secretaria de Adminstrações Regionais) fez um levantamento dos
carroceiros, mas o texto enviado é o mesmo que já foi rejeitado na
administração anterior", aponta Jacqueline Didier, do Conseg
Sudeste. A representante da ONG Naturae Vitae Fátima Schroeder,
aponta a necessidade que a regulamentação saia do papel. "Só assim
vamos chegar até o estágio de um dia proibir as carroças dentro da
cidade, como já fizeram em Campinas e outros municípios", diz.
Para o veterinário do Centro de Controle de Zoonoses da Secretaria
de Saúde, Luiz Cortez, a presença de cavalos no meio urbano é
perigosa. "A matéria orgânica produzida por eles facilita o
aparecimento da leishmaniose. "
20/4/2007
Odersides Almeida
Nenhum carroceiro
participou da discussão para regular a atividade
Do Jornal da Cidade de Bauru.
Cartas para o jornal:
jabbour@jcnet.com.br
21/04/2007
Nenhum carroceiro participou da discussão para regular a
atividade
Daiana
Dalfito
Os principais
interessados, os carroceiros, não participaram da audiência
pública realizada ontem à tarde na Câmara Municipal de Bauru para
discutir o projeto de lei que visa regulamentar o uso de carroças
de tração animal na cidade. O projeto, de autoria do Legislativo,
é amplo, mas pelo encaminhamento das discussões já realizadas, a
prioridade é identificar os carroceiros, suas carroças e seus
animais de tração (cavalos, burros e jumentos).
O secretário municipal do Meio Ambiente (Semma), Rodrigo Agostinho
(PMDB), explica que a identificação e o recenseamento dos
carroceiros e dos animais que eles usam ajudaria a evitar os
maus-tratos e a proliferação de doenças. Ele conta que, em média,
cinco cavalos são enterrados por dia pela prefeitura. "Isso
acontece porque os animais doentes acabam sendo abandonados e não
há como identificar os donos", diz o secretário.
Também as fezes produzidas pelos animais de tração ajudam na
multiplicação do mosquito palha, vetor da leishmaniose, que acha
na matéria orgânica seu criadouro ideal. "Sacrificamos cerca de 30
animais todos os dias, por causa da leishmaniose. São na maioria
cães infectados. Esse número é muito alto", afirma Agostinho.
Além de maus-tratos aos animais, o projeto de lei visa a
diminuição de acidentes de trânsito envolvendo carroças e propõe
políticas de inclusão social para os carroceiros. Não existe uma
estatística sobre a quantidade de carroceiros atuando em Bauru,
mas a Semma estima que sejam entre 300 e 400. A maioria utiliza a
carroça como ganha-pão, para transportar materiais recicláveis que
são comercializados em ferros-velhos.
O projeto de lei que disciplina o uso das carroças ainda pode
restringir a circulação do veículo de tração animal no Centro da
cidade em horário comercial. Também prevê cadastramento dos
carroceiros e instalação de chips subcutâneos de identificação nos
animais, custos que seriam arcados pelo poder público em primeiro
momento.
Para chegar aos carroceiros, Rodrigo Agostinho diz que é preciso
uma parceria entre a Semma e a Secretaria Municipal do Bem-Estar
Social (Sebes). As pastas partiriam para a visitação dos bolsões
de pobreza da cidade, onde a maior parte dos carroceiros está
instalada.
Na reunião, Nelson Lira, diretor da Emdurb, defendeu que a
regulamentação dos horários e áreas para o tráfego de carroças no
Centro ajudaria na fluidez do trânsito. Além disso, reduziria a
possibilidade de acidente entre veículos e carroças.
A contribuição das carroças para a lentidão das vias também é o
ponto levantado pelo sargento Sílvio Carlos Rossi, da Polícia
Militar (PM), responsável pelo monitoramento do trânsito da área
central. Ele também apóia a proibição do tráfego de carroças pelas
ruas do Centro para melhorar o fluxo de veículos, mas levantou
outra possível resolução para o problema.
Ao invés de limitar o horário para a circulação de carroceiros, o
sargento sugeriu a criação de áreas fora da central para
destinação dos recicláveis recolhidos pelos carroceiros. Por sua
vez, o chefe do Centro de Controle de Zoonoses (CCZ), Luiz Ricardo
Paes de Barros Cortez, salientou que o monitoramento dos animais
diminuiria a exploração e o sofrimento dos animais utilizados como
meio de sobrevivência por muitos carroceiros.
Segundo o chefe do CCZ, uma saída para a substituição dos cavalos,
burros e jumentos é a utilização de carrinhos de mão, já que os
catadores de recicláveis não podem arcar com os custos de
manutenção de um animal.
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Inclusão x maus-tratos
A advogada Vânia Rall Daró, que participou da audiência pública na
Câmara
ontem para discutir o projeto que disciplina o uso de carroça de
tração animal em Bauru, defendeu o fim dos maus-tratos aos animais
e a inclusão social dos carroceiros.
Falando em nome dos carroceiros, animais e da população em geral,
ela disse que políticas públicas são importantes para estes itens.
Daró lembrou que Bauru foi a primeira cidade brasileira a tratar
legalmente dos maus-tratos a animais, em lei de 1999.
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