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14/01/2006
Marco Borba
Do Diário do Grande ABC
O paciente não pode se sentir como se estivesse em uma prisão. Com
essa frase a diretora administrativa do CHSA (Centro Hospitalar
Municipal de Santo André), Maria Cecília Dellatorre, resumiu o
trabalho de tratamento e recuperação de crianças que está sendo
introduzido no setor pediátrico da instituição, por meio da
chamada zooterapia. Uma vez por semana dois cães poodle, Catarina
e Suriá, mãe e filha, ficam responsáveis pela diversão da
garotada. Parte dos pacientes internados possui algum tipo de
patologia congênita ou traumas como fraturas, situações em que os
cuidados aos paciente demandam mais tempo.
De acordo com a sanitarista, a pet terapia, como também é chamada,
contribui para a melhoria nos quadros de ansiedade, estresse,
hipertensão, auto-estima, comunicação e sensibilidade dos
pacientes. "Está comprovado que quando o paciente internado fica
em companhia de um parente ou vive situações como essa
(brincadeira com cães), em que se desliga da doença, a recuperação
é mais rápida."
A zooterapia foi implantada no CHSA com base em experiências
realizadas na pediatria de hospitais da capital, como Santa Casa
de Misericórdia, Hospital da Criança e Nossa Senhora de Lurdes.
O processo começou a ser desenvolvido no Brasil em 1997. Naquele
ano a veterinária e psicoterapeuta Hannelore Fuchs visitou
hospitais em São Paulo levando animais. Ela garante ter notado
resultados positivos nos pacientes. "No momento em que se abstrai
da doença, há melhoras no sistema imunológico. O organismo libera
endorfina quando a pessoa está em estado emocional positivo."
Os poodles não passaram por treinamento específico para lidar com
as crianças. "Foram escolhidos porque são cães de temperamento
dócil. Também não oferecem riscos à saúde. No dia das atividades,
são levados ao pet shop e seguem direto para o setor pediátrico.
Nossa Comissão de Infecção Hospitalar participou das discussões
para a implantação do programa e aprovou a medida", disse Maria
Cecília, dona dos cães.
Voluntários já estão oferecendo seus cães. É o caso da técnica em
laboratório do próprio hospital, Magda Codogno, dona de um chiuaua,
e do adestrador Adilson Lima, proprietário de um spitz. "Também
são cães dóceis", garante Magda. O CHSA estuda a proposta.
O trabalho é completado com atividades desenvolvidas por dois
grupos de voluntários. Um deles é o Time da Alegria, composto por
alunos do curso de Educação Física da Fefisa (Faculdade Integrada
de Educação Física de Santo André), que anima a garotada
interpretando personagens infantis. O outro, Viver e Deixar Viver,
faz leituras e conta histórias.
A pet terapia data de 1972, ocasião em que um hospital
psiquiátrico da Inglaterra permitiu o contato dos pacientes com
animais de fazenda. Após essa experiência, constatou-se que os
doentes estavam mais calmos e não precisavam utilizar os
medicamentos com a mesma freqüência.
Deputado quer legalizar brigas de animais em todo o país
ROSE ANE SILVEIRA
da Folha Online, em Brasília
O deputado federal Fernando de Fabinho (PFL-BA) quer legalizar as
rinhas em todo o país. Segundo ele, a idéia é legalizar não
somente as brigas de galo, mas as de todos os animais, até mesmo
cães pit bulls.
Ao aproveitar a repercussão que teve a prisão de várias pessoas,
entre elas do publicitário Duda Mendonça, em uma rinha no Rio de
Janeiro, o deputado apresentou na Câmara, nesta semana, um projeto
de lei que descriminaliza as brigas entre animais.
'O projeto foi feito recentemente (...) Não pode deixar de
aproveitar o momento onde houve a participação da PF (Polícia
Federal) na prisão de pessoas importantes [no Rio] para apresentar
a proposta', disse Fernando de Fabinho.
Para o parlamentar, a utilização da PF em ações como esta é um
desperdício. 'O legislador tem que ter cuidado para não criar leis
que vão contra os interesses e os hábitos da população.'
Crueldade
Fernando de Fabinho diz que as brigas entre animais não podem ser
encaradas como crueldade. 'É da natureza do animal. Não é a
questão da crueldade. É um costume do Brasil que não faz mal a
ninguém. Precisa descriminalizar', afirmou.
Segundo ele, os galos de rinha são cuidados de forma especial, com
um preparo que os outros animais não recebem, e comparou as brigas
de galo com o boxe. 'É um esporte como a luta de boxe. A diferença
é que o homem tem raciocínio, sabe o que está fazendo. Fazem com
consciência'.
Apesar de querer legalizar as rinhas, o parlamentar garante que
não freqüenta as brigas de galo. 'Não sou galista. Apenas quero
que o que é natural para a população brasileira não seja crime'.
O projeto de Fernando de Fabinho vai ser apreciado nas comissões
permanentes da Câmara e não tem data prevista de votação.
Granja fechada em
Pomerode/SC
A pedido do MPSC, granja que
causava poluição e proliferação de mosquitos é fechada em Pomerode
As atividades de uma granja de criação de suínos pertencente ao
Frigorífico Rahn Ltda., em Pomerode, foram suspensas hoje em
cumprimento à decisão liminar obtida pelo Ministério Público de
Santa Catarina (MPSC) no final de 2005, devido à poluição que
causava ao Rio do Testo, o principal do Município, e à
proliferação de mosquitos que ocasionava na região. As instalações
da propriedade desviaram o curso do Ribeirão Wunderwald, que
deságua no Testo, e no entorno das baias destinadas aos animais
formou-se uma lagoa por onde os dejetos eram transportados até o
rio principal.
O Promotor de Justiça Eduardo Sens dos Santos demonstrou ao
Judiciário que a granja foi construída em Área de Preservação
Permanente (APP), e comprovou a poluição da água e a degradação
ambiental no entorno da propriedade por meio de laudos emitidos
pelo Serviço Especial do Meio Ambiente do Município e pela Polícia
Ambiental. "O descaso da demandada para com o meio ambiente em
geral é evidente, eis que a poluição abrange o solo e também a
água, não se olvidando que os próprios suínos que se banham e
ingerem a água contaminada posteriormente chegam à mesa da
população", observou na liminar a Juíza de Direito Iraci Satomi
Kuraoka Schiocchet.
As amostras da água do Ribeirão Wunderwald, inclusive no local
onde se encontra com o Rio do Testo, apontaram a existência de 30
mil coliformes fecais por 100 ml, em média. O índice é doze vezes
superior à marca de 2.500/100ml que o Conselho Nacional do Meio
Ambiente considera como o limite a partir do qual a água é
imprópria para banho. "Esse dado, além da preocupante poluição,
explica a absurda incidência de mosquitos na região de Pomerode e,
por força da proliferação de danos ambientais, em todo o Vale do
Itajaí. O alto nível de coliformes fecais na água doce, além de
potencializar a ocorrência de doenças intestinais, causa a
proliferação dos mosquitos borrachudo, e do maruim ou
mosquito-pólvora, gerando outro grave problema de saúde pública",
acrescenta o Promotor de Justiça.
Conforme requereu o MPSC, a liminar determina ainda prazo de três
meses para que o Frigorífico Rahn efetue projeto de isolamento de
três tanques de decantação de sua unidade fabril, que fica
distante 500 metros da granja fechada. O MPSC apurou que os
tanques recebem poluentes que podem estar contaminando o solo e o
lençol freático da região. O empreendimento também deverá
apresentar à Fundação Estadual do Meio Ambiente, em 30 dias,
projeto de recuperação das áreas que foram degradadas pela granja
de criação de suínos. |
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